Facção da Venezuela ‘ameaça’ migrantes e policiais em abrigos de Boa Vista
- 14/02/2025
A facção da Venezuela “Trem da Arágua” tem aterrorizado abrigos de Boa Vista e está crescendo na região Norte. Pelo menos é isso que indicam as investigações da Polícia Civil de Roraima (PC-RR), segundo relatório exibido pelo O Globo.
Segundo as investigações, a facção administra o tráfico de drogas nos abrigos que acolhem os refugiados e migrantes na capital.
Além disso, o relatório revela que os integrantes ameaçam os militares que atuam na Operação Acolhida, que dá apoio logístico ao fluxo de venezuelanos que chega ao Brasil.
A PC-RR encontrou dois corpos vítimas da facção próximo aos abrigos. Uma das vítimas foi localizada perto do centro de acolhimento Rondon 3, um dos maiores de Roraima.
O corpo apresentava sinais de tortura: mãos e pés amarrados, um corte profundo no pescoço e diversas perfurações, características de uma tentativa de esquartejamento.
De acordo com os peritos, essa brutalidade é uma marca registrada do “Trem da Arágua”, grupo originado no presídio de Tocorón, na Venezuela, e que hoje atua em países como Chile, Peru, Colômbia, Equador, Brasil e Estados Unidos.
Recrutamento em abrigos
A facção se aproveita da vulnerabilidade dos imigrantes para recrutá-los em esquemas de tráfico de drogas, prostituição e extorsão.
Relatórios da PC-RR apontam que brasileiros também são cooptados para atuar em atividades criminosas, incluindo rotas de tráfico e garimpo ilegal.
No fim de 2021, um grupo de militares interveio para resgatar um homem que estava sendo espancado por membros da facção. Após relatar o caso à polícia, um dos soldados pediu para não ser identificado por medo de represálias.
Um documento da Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (Draco) destaca o medo que a facção impõe.
Em agosto de 2021, a rivalidade entre facções venezuelanas explodiu nas ruas de Boa Vista. Um integrante da facção rival, “Trem de Guayana” abordou um matador de aluguel do “Trem da Arágua”.
Os dois trocaram tiros, mas sobreviveram e foram presos pela polícia. Em setembro de 2021, outro homem venezuelano, de 25 anos, apareceu morto vítima de disparos de arma de fogo.
Dias anteriores, o homem mandou áudios aos familiares, afirmando que queria sair de Roraima pois “todos estavam se matando”.
Cemitério clandestino pertence a facção
A facção protagonizou outro caso em Boa Vista no mês de janeiro. Um cemitério clandestino foi encontrado em uma área de mata no bairro Pricumã e Cinturão Verde.
Ao todo, a PC-RR encontrou nove corpos. Assim, a organização criminosa estaria usando o terreno como cemitério para adversários.
ac24horas